abaixo, tudo que ocorrer à cabecinha oca da nana:

meus "sim" na moda

meia calça colorida (especialmente vermelha)





jaquetas de couro





saias com padrões





sapatilha/mary jane com meia





boinas





lápis de olho borrado





franja anos 60


prelúdio
eu amo este! foi escrito a partir de uma pesquisa etnográfica com os yanomami, que estudei em teorias da comunicação. menciono hanna, a pesquisadora, e outras referências ao artigo - que não vou lembrar o nome tão cedo. só recordo do quanto fiquei encantada ao saber da relação desse povo indígena com o mundo dos sonhos e - para a surpresa de ninguém -, fiz um paralelo com um artista que gosto. dessa vez, raulzitinho !!

sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só
mas sonho que se sonha junto é realidade

apesar da frase ter sido cunhada por miguel de cervantes em dom quixote e de muitas pessoas a conhecerem pela citação do john lennon, prelúdio, do raul seixas, foi o que me veio à mente ao descobrir que os yanomami têm uma relação diferente com os sonhos. que sonham várias vezes por noite e lembram vividamente de cada vez.



hanna destaca que a capacidade de memorização dos sonhos se dá a partir da socialização deles. quando uma pessoa sonha, ela conta para a comunidade a fim de encontrar - ou confirmar - a melhor interpretação. assim, um sonho que se sonha só é apenas um sonho, e um sonho que se sonha junto se torna realidade.
como uma trapaça, nutro o hábito de anotar os meus sonhos nas notas do celular, ignorando todos os erros de digitação que acompanham a sonolência. ainda que guarde apenas para mim, evito que os sonhos sejam completamente esquecidos, e mesmo que lembre pouca coisa cinco minutos após fechar o aplicativo, eles sempre estão lá para me refrescar a memória.
a maioria das pessoas, contudo, deixa que os sonhos desapareçam tal como aparecem, naturalmente. e se decide partilhar, recebe uma interpretação banal e vazia, como “é dinheiro” ou “é sorte”. quando o espiritual é visto com superficialidade, é compreensível que guardemos tudo que não é material para nós mesmos.
mas para os yanomami, entre os diversos tipos de sonho, a partilha é essencial quando se tem um sonho premonitório. sonhar com uma pessoa adornada e alertá-la, como fez adriano com edinho e peri com a autora, é possivelmente livrá-la da morte. socializar o sonho é mobilizar a realidade para evitar que o mau presságio se torne real. é purificar a si ou aos outros clamando “sira”.
quanto aos outros tipos de sonho, se não tivesse socializado, hanna não saberia que, após o fim do estudo, na familiaridade da sua casa, o sonho com os yanomami significava sua visita metafísica, mais a saudade deles do que a saudade dela. a visita das mulheres que se banhavam no rio, no limiar da noite, sob as cores do crepúsculo, o qual passou despercebido por hanna uma vez distante de lá.



não sei o quanto raul conhecia sobre os yanomami, mas acredito que, em sua mistura de maluquez e lucidez, ele não sabia que nas matas do brasil a canção de três versos era mais que uma citação cantada, mas como o sonho partilhado, uma realidade.
nana jornalismos
entediada e fuçando meu drive, encontrei várias reportagens e exercícios de escrita criativa que fiz para a faculdade. como esse é meu cantinho da internet, decidi trazer alguns para cá. assim eles não ficam esquecidos por lá, mas confortáveis e quentinhos na nanalandia! escrevi este logo no início do curso - se não me engano, na aula de jornalismo literário. o tema do trabalho era algo como "ficcionalizar o cotidiano". ah, e era obrigatório falar sobre uma rua que fizesse parte do nosso. talvez tenha me empolgado e inventado uma musa sobre a qual escrevia todos os dias a caminho da… sinimbu. falo sobre uma mulher de cabelos cor de carmim, mas não lembro em quem me inspirei. talvez na viviane ward ou outra personagem linda e bobona. enfim, meu continho:

foi em uma segunda-feira qualquer de julho, fria e nebulosa, que meus olhos demoraram-se nela pela primeira vez. o carmim dos seus cabelos destacou-se em meio ao clima e às feições taciturnas que ocupavam o ônibus em delírios sonolentos.
sua pele era tão pálida que chegava a ser fantasmagórica. duvidei de minha própria sanidade ao enxergá-la ora humana, ora divina, mas releguei a confusão ao vagaroso verter do sangue que o recém despertar condenava meu corpo. às seis da manhã, minha mente ainda vagava pelos vales etéreos da noite mal dormida, e talvez fosse essa a raiz da minha afetação por aquela desconhecida.



em algum momento, a melancolia das noites de domingo foi substituída pelo anseio em vê-la. ela, sem saber, tornou-se a musa da minha escrita. não admirava apenas os cabelos, mas o nácar dos lábios que bem me lembravam madrepérolas e o cordão de prata que sempre adornava seu pescoço. através da minha prosa, levantei um santuário no qual me prostrava todos os dias. o clima caxiense, sempre lúgubre, não mais me entristecia, mas era substituído pelo júbilo que aquela adoração unilateral me trazia.
uma vez, ela sentou-se no banco ao meu lado e nossos olhos se cruzaram. prontamente fechei a caderneta que segurava, temendo que as palavras fossem escapar das minhas mãos e chegar aos seus ouvidos. julgaria-me louca por venerá-la como uma santa ou deleitaria-se no áureo em que minhas mãos transformaram sua alma? já a conhecia há milênios, e nem sequer sabia seu nome. não me atreveria a perguntar, como se minha ousadia fosse derrubar o templo que construí a partir da minha idealização.



naquele dia, percebi que descíamos na mesma parada, já que pude acompanhá-la em meio ao caos que tomava o ônibus quando parava na frente da praça dante alighieri. seguíamos caminhos opostos - ela descia a sinimbu, eu subia. não havia um dia em que eu não me perguntasse qual seria seu destino.
sem conter meu ânimo por nossa breve aproximação, contei a um colega de trabalho sobre a existência dela e dos meus textos, ao que ele riu e perguntou “o que você está fazendo, trabalhando como atendente em uma farmácia?”. eu também ri. talvez a possível desordem mental que a situação indicava fosse benéfica para a minha carreira de escritora, assim como foi para a sylvia e para a hilda. que audácia a minha comparar-me com essas duas!
a partir dali, passei a olhar para trás toda vez que descia do ônibus. às vezes via o carmesim, às vezes era engolido pela multidão. bastou saber que seus pés caminhavam pela sinimbu para que ela se tornasse minha rua favorita. imaginava o mesmo vento beijando nossos cabelos e o mesmo velho estranho - que sempre ficava sentado no banco daquela parada - pensando indecências sobre nós. da minha própria forma, senti-me próxima a ela. apaixonei-me sem nem saber o tom da sua voz.



hoje, três anos depois, percebo que tamanho sentimento surgiu, unicamente, devido ao tédio. admirá-la trazia alguma luz àquela monotonia que eu acordava às cinco da manhã para viver. despertar deixou de ser penoso ao saber que teria alguém sobre quem escrever. ainda que meu destino fosse o trabalho maçante na farmácia, o caminho possibilitaria a produção da minha arte. através da moça dos cabelos vermelhos, eu faria algo real.
desde que me demiti para estagiar como redatora, nunca mais vi ela, nem pelas minhas andanças no centro da cidade - que às vezes é tão minúscula. sinceramente, só lembrei dela quando encontrei minha antiga caderneta de poemas por acaso. e foi também, nesse dia, que lembrei porquê tenho o hábito de olhar para trás toda vez que desço do ônibus. às nove horas, no entanto, ela não está mais lá.
dias perfeitos
falando em normalidade, assisti dias perfeitos hoje. li uma review no letterboxd que traçava um paralelo a outros filmes lançados em 2023: a criação da bomba atômica em oppenheimer, o genocídio indígena em assassinos da lua das flores e as conturbadas relações conjugais em anatomia de uma queda. até então, não havia me dado conta de que todos os filmes que assistira no cinema naquele ano foram representações de diferentes faces do sofrimento humano. da nossa capacidade de causar dor uns aos outros. pensando nisso, dias perfeitos serviu como uma espécie de antídoto: sem extravagâncias, cores vibrantes e estrondos sonoros, encontrou o encanto na humanidade que as outras obras nos fizeram esquecer. o "ato grandioso" de hirayama, protagonista do filme, foi amar a vida nos pequenos detalhes do cotidiano. colecionar fitas cassete e ouvir velvet underground na sua van azul, fazer suas refeições no mesmo bar há 5 ou 6 anos - onde todos consideram sua presença reconfortante, mesmo que nunca tenham escutado sua voz -, ler romances e, especialmente, observar os raios de sol por entre as folhas das árvores.



dias perfeitos me fez pensar no caminho que faço todos os dias para o trabalho - sobre antigos trilhos da cidade -, ouvindo sempre a mesma playlist de oasis que tanto amo e nunca enjoo. no café ali perto, que é muito caro para o meu bolso mas cujo aroma de canela que preenche a esquina me transporta para um filme da anna karina. na senhora que espera o ônibus no mesmo ponto que eu e usa touquinhas de tricô de várias cores (desconfio que feitas por ela mesma). na moça da portaria que, sorrindo, sempre me deseja um bom trabalho (mesmo que o faça para todos que passam por ali). e também nos raios de sol por entre as folhas das árvores de uma rua estreita no caminho de volta, que abriga uma paróquia renascentista em meio ao concreto de caxias do sul. não lembro se foi a hilda ou a clarice quem disse, mas é preciso apreciar o semear da planta mais do que seus frutos. é preciso encontrar beleza no caminho e não somente ansiar pelo seu fim.
ah, e tóquio tem banheiros muito bonitos !!


lírios do vale
sei que violets for roses é uma música sobre término mas, desde que conheci o rafael, o trecho "larchmont village smells like lilies of the valley and the bookstores doors are opening and it's finally happening" sempre me lembra dele. não faço a menor ideia de onde seja larchmont village e entendo que a lana está comparando o fim do relacionamento com a vida voltando à normalidade pós pandemia, porém, de alguma forma, a música expressa a mesma sensação que tenho ao pensar nele. quando sinto seu cheiro de lírios do vale, as portas das livrarias se abrem, há algo diferente no ar, crianças correm por aí com seus vestidos rodados e tudo finalmente acontece. não sei definir "tudo". talvez seja a vida que sempre busquei dentro de mim e só encontrei quando ele se tornou uma parte minha. quando me transformou num lírio do vale.


oceanografia
estar aprendendo programação me faz sentir terrivelmente limitada, como naquele poema da sylvia. não por incapacidade ou qualquer dificuldade em aprender, mas por não poder aprender tudo. não me refiro à programação especificamente, mas à pintura, à leitura, à escrita, ao audiovisual, às artes performáticas e tudo aquilo que tanto me interessa e que, no entanto, uma vida não é o bastante para viver. eu quero aprender piano e violino e python e latim e teoria musical e linguística e microbiologia e francês e artes plásticas and I CANT DO SHIT
por que eu não posso ser jornalista historiadora bióloga oceanógrafa psicóloga diplomata e comissária de bordo de uma companhia áerea árabe?



“I can never read all the books I want; I can never be all the people I want and live all the lives I want. I can never train myself in all the skills I want. And why do I want? I want to live and feel all the shades, tones and variations of mental and physical experience possible in my life. And I am horribly limited.”
01:52 de uma segunda-feira.
jogos de meninas
esse site me faz pensar na mini nana com acesso não supervisionado ao computador. eu amava girls go games, click jogos e friv (esse eu só acessava para jogar "o jogo da menina água e do menino fogo" com o meu primo. éramos tão parceirinhos! uma vez ele me deu um soco na boca por causa de happy wheels). também assistia religiosamente mateiformiga, terrorgamesbionic e t3ddy. assisti tantas vezes alguns vídeos que decorei quase todas as falas: skate 3, evil e simulador de afogamento, respectivamente. mas a primeira youtuber que assisti gravava apenas the sims. uma série com o marcos paulo, a juliet verona e a pituxa!! não sei o nome dela, pois soube que transicionou e não a chamarei pelo nome morto. espero que os sims ainda estejam felizes e casados lá em sunset valley s2s2


psyduck
i honestly have no clue on what to do with this website. i was excited on creating something new, exploring a new hobbie (coding!!! although this page was made after a template, i did change some stuff! you have to start from somewhere...), and now that it's done i'm thinking about what to write. at first, i thought of posting my old writings - i still love them with all my heart! and they chose my career - but now they seem way too personal. it's strange how i would share it with everyone who would ask me some time ago, and now i feel so scared in letting people know me. talvez seja por isso que estou escrevendo em inglês nao sei sou neurodivergente